O fim de um relacionamento é um processo de luto que precisa ser vivenciado. É necessário dar tempo ao tempo e respeitar-se, ou seja, deixar os sentimentos direcionarem as ações. Ir para a balada quando tristes e o desejo era ficar em casa vendo um filme água-com-açúcar é um tiro no próprio pé. É imprescindível prestar atenção em si. Não espere que o processo seja linear e ascendente; ele é cheio de altos e baixos. É normal em um final de semana estar bem e no outro nem tanto. Respeite seu momento.
Neste sentido, atrapalham muito as comparações, tanto consigo mesma quanto com outras pessoas. Pensamentos como “eu me recuperei tão mais rápido quando me separei do fulano” ou “nossa, a beltrana mal terminou o namoro e já está ótima assim” só atrapalham. Cada um tem um tempo e cada momento é único. E mais: o que observamos no outro não reflete necessariamente como a pessoa realmente está.
Além disso, precisamos usar nossos sentimentos de maneira construtiva. Ficar triste é importante por que nos faz lamber as feridas e nos consolar a nós mesmos. É preciso dar-se conta da perda para poder substituí-la com outra coisa. Se usarmos a tristeza como desculpa para evitar o mundo, acabamos nos enclausurando e, aí sim, corre-se o risco de entrar em depressão.
A Raiva também pode ser uma boa locomotiva. Sentindo raiva, temos força para partir para outra e nos dar uma nova chance. Se, por outro lado, usamos a raiva para ficar “alfinetando” o ex, podemos acabar numa obsessão que não nos permite seguir em frente.
Estudos mostram que pessoas que têm confidentes tendem a ficar menos doentes. É importante ter ombros amigos para chorar e contar a nossa dor. Mas cuidado para não virar monotemática e falar “meu ex isso, meu ex aquilo”. O importante é falar do que você sente, não só do que aconteceu.
Nós somos seres de hábitos. Quando estamos junto com alguém, nos habituamos a tudo: seu jeito, seu ritmo, seu cheiro, seus horários, etc. Quando o relacionamento termina, é preciso acostumar-se a nova rotina, com o estar solteira. Isso leva um tempo, e é feito em cima da percepção de pequenas perdas: não poder ligar para a pessoa, não conviver com amigos e familiares dele, mudança de programas nos finais de semana são alguns exemplos. No começo, tudo é estranho e novo, e a dor é muito intensa. Aos poucos, essas coisas singelas não fazem mais tanta falta e são substituídas por outros hábitos de mulher solteira.
Algumas atitudes podem atrapalhar a criação de novos hábitos. Muitas pessoas solteiras têm a impressão de que só existem casais no mundo. Isso acontece por que o nosso estado interno afeta a nossa percepção. Quando trocamos de carro, percebemos quantas pessoas têm o mesmo carro! Assim, se relacionamentos é o tema em pauta, veremos tudo sobre esta ótica. O mundo parece estar dividido entre solteiros e comprometidos. Se é isso que acontece, é preciso passar mais tempo com pessoas solteiras que fazem programas de pessoas solteiras. Além de ser mais compatível com o novo ritmo de vida, faz muito bem perceber que não somos os únicos nesta situação, e que ela está longe de ser uma sentença de morte.
Toda perda tem sua contrapartida: aproveite o tempo sozinha para fazer coisas que você sentia falta de fazer quando estava comprometida. Você vai se redescobrir e se transformar para o novo amor que virá.
Amizades são circunstanciais. É natural afastar-se de suas amigas solteiras quando estiver namorando. É preciso ter humildade de retomar as novas amizades e principalmente pedir colo e apoio.
É a hora de fazer novos amigos e conhecer pessoas novas. Bons lugares para isso são: academia, cursos e grupos de solteiros de igrejas, por exemplo.
É importante fazer uma reflexão e profunda de por que o relacionamento não deu certo. Isso aumenta nosso autoconhecimento e nos possibilita identificar que características, atitudes, crenças e comportamentos são contraproducentes para o sucesso de um relacionamento. Para isso, é necessária muita humildade e aceitação, pois não é fácil nos criticarmos. Mas esta auto-avaliação vai indicar que coisas não repetir. Se é algo que se repete em muitos relacionamentos, vale ficar atenta, pode se tratar de um padrão. Neste caso, a psicoterapia pode ajudar a transformar estas atitudes em outras mais saudáveis.